Infelizmente, nossos animais de estimação não estão imunes ao desenvolvimento de algumas doenças muito sérias. Uma delas, tema de nossa conversa de hoje, é a mielopatia degenerativa, um problema ainda sem muitas respostas para a área da medicina veterinária.
Essa enfermidade atinge a medula espinhal e tem um caráter progressivo. Ocorre uma degeneração dos neurônios que faz com que os cães acometidos apresentem alterações na locomoção e outros problemas.
Ao longo de nossa conversa de hoje, você aprenderá o que é essa doença, quais são as suas causas, sintomas relacionados e muito mais. Nosso objetivo é informá-lo e fazer com que o cuidado com os pets sob responsabilidade seja ainda mais otimizado. Boa leitura!
O que é a mielopatia degenerativa?
A mielopatia degenerativa (MD) é uma doença neurológica progressiva, que atinge a medula espinhal de algumas raças caninas. A MD dos cães é comparada à esclerose lateral amiotrófica (ELA) nos humanos.
Surge expontaneamente, de forma lenta e progressiva em cães adultos.
Quais são as principais causas desse problema?
A causa do aparecimento da MD ainda é desconhecida. O que se sabe é que os pacientes acometidos são portadores de uma mutação no gene SOD1. Essa mutação causa alterações no sistema neurológico, que resultam em vários problemas na transmissão de informações do cérebro para os nervos responsáveis pela movimentação do cão.
Há raças que são mais predispostas a apresentar essa doença?
Ainda que qualquer animal possa apresentar a mielopatia degenerativa, algumas raças são, sim, mais predispostas a ter esse problema. Note que boa parte delas envolve cães de grande porte. Alguns exemplos são:
- pastor-alemão,
- boxer;
- husky siberiano;
- golden retriever.
No entanto, raças de portes menores também são frequentemente acometidas, como:
- pug;
- corgi;
- poodle, e várias outras.
Não há, necessariamente, um momento específico para o início da manifestação dos sintomas. No entanto, em muitos casos, eles começam a aparecer por volta dos 5 a 10 anos de idade do pet.
O sexo, nessa doença, não é um fator determinante para a sua manifestação. Sendo assim, tanto machos quanto fêmeas podem apresentar a mielopatia degenerativa.
Quais são os sinais clínicos mais comuns?
Os sinais clínicos dessa doença são, a princípio, bem inespecíficos. Por isso, é muito comum que os veterinários apostem primeiramente em outras causas — mais comuns — antes de pensar na mielopatia degenerativa.
Os sintomas mais comumente observados são:
- dificuldade de andar;
- falta de coordenação;
- andar cambaleante;
- andar arrastando uma das patas;
- fraqueza muscular;
Infelizmente, os sintomas tendem a progredir até que o cão perca completamente os movimentos, tornando-o incapaz de andar. No começo, eles são muito semelhantes aos de uma displasia coxofemoral, artrose ou outros problemas articulares, mas progridem rapidamente para fraqueza total dos quatro membros e incapacidade motora.
Em muitos casos também, o animalzinho perde o controle de suas necessidades fisiológicas (fezes e urina) e pode apresentar dificuldades respiratórias. Esses sintomas, contudo, são vistos mais frequentemente nos estágios terminais da doença.
Ao contrário de outros problemas neurológicos e ósseos, no entanto, a mielopatia degenerativa é caracterizada por não causar dor ao animal.
A perda total dos movimentos dos cães pode variar, mas de forma geral ocorre entre 6 e 12 meses a partir do começo dos sintomas. A expectativa de vida dos pets acometidos é, no entanto, variável.
Como essa doença é diagnosticada?
O exame mais fidedigno para determinar a MD é o teste genético para identificar a mutação do gene SOD1, porém este teste ainda não é acessível na veterinária.
Ao contrário de outros problemas comuns que causam sintomas parecidos, a realização de raios x, ressonâncias magnéticas ou tomografias computadorizadas não trará nenhuma resposta clara sobre a enfermidade.
Aqui, o diagnóstico é principalmente eliminatório. Ou seja: os exames são feitos para excluir outras possíveis causas para os sintomas e, assim, fazer com que o clínico chegue ao diagnóstico da MD.
A doença só é oficialmente confirmada após a morte do animal, com uma análise microscópica dos tecidos.
Há tratamento para esse problema? Quais são os principais?
Infelizmente a DM não tem cura e o seu prognóstico é desfavorável. Por não ter um tratamento específico, as terapias funcionam em caráter paliativo, com objetivo de retardar a progressão da doença e melhorar a qualidade de vida do animal.
Alguns exemplos de tratamentos utilizados são:
- uso de medicamentos para reduzir a inflamação;
- utilização de suplementos vitamínicos;
- introdução de suplementos antioxidantes;
- dieta alimentar para deixar o animal em um peso saudável e evitar a obesidade;
- oferecimento de rações de alta qualidade;
- acupuntura;
- fisioterapia intensiva!
Nesses casos, a fisioterapia é indispensável para ajudar o cão a se movimentar e manter os seus movimentos, fazendo com que a progressão da doença seja mais lenta e o pet viva com muito mais conforto.
Algumas terapias que podem ser utilizadas com sucesso são a hidroterapia, a cinesioterapia , a eletroestimulação muscular e a laserterapia. Por isso, busque um centro de referência em fisioterapia animal para tratar o seu grande amigo!
É possível prevenir a mielopatia degenerativa?
Infelizmente, não há qualquer tipo de prevenção contra a mielopatia degenerativa. No entanto, alguns cuidados com o animal em casa podem fazer toda a diferença para a sua qualidade de vida após o diagnóstico!
Um bom exemplo é o uso de tapetes ou carpetes antiderrapantes, para evitar que seu animal escorregue. Eles devem ser firmes, porém fofos, para evitar machucados caso o cão se desequilibre. Voce pode também adquirir meias antiderrapantes.
O uso de suportes de quadril é muito indicado para ajudar na locomoção desses pacientes. Pode até ser uma toalha velha, o importante é auxiliá-lo a se movimentar e não deixar que ele fique muito tempo em repouso.
Ajuste a altura dos bebedouros e comedouros, levando em consideração a altura do cotovelo do animal. Dessa forma, a dificuldade em comer e beber é minimizada, além de evitar dores na coluna na região cervical.
Com o avanço da doença, as patas vão perdendo a força e talvez seja necessário adquirir uma cadeirinha de rodas. Converse com o veterinário fisiatra as melhores opções para o caso do pet.
Como podemos ver, a mielopatia degenerativa é um problema bastante sério e que, infelizmente, ainda não tem tratamento efetivo. O objetivo é, portanto, focar na promoção da qualidade de vida do cão acometido, promovendo conforto e bem-estar a ele e a toda sua família.
O melhor cuidado é sempre tratar o seu animalzinho com carinho, respeito e muito amor.
E você, já lidou com algum pet com esse tipo de problema ou tem alguma dúvida sobre a doença que não foi respondida ao longo do post? Então, deixe um comentário abaixo!