Cães e seres humanos têm uma longa história juntos. Nas últimas décadas, a gente viu essa relação se estreitar profundamente, já que as pessoas têm percebido cada vez mais os inúmeros benefícios de conviver com esses peludos. Hoje, eles são parte de nossa família, e os cuidados que temos com eles somados aos avanços da medicina veterinária levaram a um aumento na expectativa de vida dos cães.
Assim como ocorre nos humanos, o processo de envelhecimento provoca alterações no organismo dos animais, o que implica no desenvolvimento de algumas doenças mais comuns nessa fase da vida. Então, é superimportante que você conheça essas condições para que possa ter os melhores cuidados com o cachorro idoso.
Afinal, quais são as doenças mais comuns em cães idosos e o que fazer para tornar a velhice do peludo mais agradável e com maior qualidade de vida? Preparamos um artigo especial falando sobre isso e muito mais. Confira!
Como é o processo de envelhecimento nos cães?
O envelhecimento é um processo que se caracteriza pela perda progressiva da integridade fisiológica do organismo. Há uma ampla variedade de fatores ligados diretamente a esse fenômeno, tanto internos (como a programação genética do animal) quanto externos (como alimentação, clima e estilo de vida), bem como a ocorrência de determinadas doenças.
Em conjunto, esses aspectos determinam o ritmo e a velocidade em que ocorrerá a senescência, ou seja, acelerando ou não o processo degenerativo inerente do ser, prolongando a vida quando essas condições são favoráveis ou encurtando, quando forem desfavoráveis. Todos os seres vivos são programados para morrer, e isso significa que o envelhecimento é uma programação biológica e deve ser encarado como algo natural.
Nos cães, bem como nos seres humanos e em outros animais, a modificação gradativa das células e dos tecidos resulta em uma perda da capacidade adaptativa e numa diminuição do potencial de aprendizagem, de memória e de desempenho das funções dos órgãos e sistemas. Tudo isso leva a uma maior probabilidade de surgirem doenças e mudanças de comportamento.
Além dos pelos brancos ao redor dos olhos e do focinho, você vai notar uma perda na vitalidade e na disposição do cão idoso, assim como uma maior dificuldade de realizar esforços físicos que, antes, ele fazia sem pestanejar. O que queremos dizer neste tópico é que é importante compreender o envelhecimento em si como um mecanismo biológico complexo e não como uma patologia.
Agora, quando as doenças em cães velhinhos surgem, devemos ficar bem atentos para identificá-las, já que os avanços tecnológicos da medicina veterinária permitem que a gente entenda melhor o que se passa, promovendo a cura ou uma melhor qualidade de vida para o pet. Aliás, compreendendo o processo de envelhecimento, podemos elaborar maneiras de suavizá-lo, bem como prevenir que algumas disfunções apareçam.
Como identificar alguma anormalidade no seu amigo?
A maioria dos tutores recebe orientações sobre as mudanças fisiológicas que estão relacionadas com o envelhecimento, como alterações no metabolismo, na condição corporal e nas habilidades sensoriais. Porém, raramente são instruídos quanto às mudanças comportamentais e cognitivas que estão relacionadas ao avanço da idade.
Acontece que o comportamento dos animais é regulado, na maior parte, pelo sistema nervoso central, pelos órgãos sensoriais e pelo sistema musculoesquelético. Isso quer dizer que qualquer doença que interfira no funcionamento do organismo do cachorro vai provocar uma alteração no seu comportamento.
Ou seja, as mudanças comportamentais serão os primeiros sinais de diversas doenças que você vai observar no seu peludo. Algumas são bem sutis (como a tendência de cães idosos a exibirem mais passividade diante de situações de medo e ansiedade), o que faz com que muitos tutores não relatem isso ao veterinário, já que talvez nem tenham notado a mudança.
Entre os sinais do aumento da idade estão o declínio:
- da aprendizagem;
- da memória;
- da sociabilidade;
- da atenção;
- da curiosidade a novos objetos;
- das atividades físicas;
- da vontade de brincar;
- da resposta aos comandos.
Por outro lado, alguns cães idosos podem apresentar um aumento nos quadros de fobias e medos, enquanto outros podem desenvolver demência ou comprometimento cognitivo. Algumas doenças caninas podem ser mais facilmente identificadas, se o sintoma for bem claro, como um cachorro que parou de andar.
O nosso conselho é: aprenda a observar o seu cachorro com atenção, especialmente quando ele for considerado um idoso, pois, a partir de certa idade, tudo tende a acontecer com maior velocidade. Repare em toda e qualquer mudança de comportamento que ele apresente e, também, examine o seu cão em busca de sintomas corporais (como um caroço sob a pele ou uma manifestação de dor ao caminhar ou quando você toca uma parte do corpo).
Veja se há diminuição no consumo de água e alimento, se há algum incômodo na hora de evacuar, se tosse com frequência ou respira de forma mais ofegante. Observe se o seu parceiro anda triste, apático, menos interessado nas coisas ou muito rabugento. Tudo indica que ele chegou à terceira idade e é importante fazer uma avaliação completa para saber se há algo que precisa ser tratado.
Ah! E se você estiver se perguntando quanto tempo de vida tem um cachorro, saiba quando ele se torna idoso:
- cães de raças gigantes e de grande porte (com peso igual ou maior que 22,7 kg) — a partir dos 6 anos;
- cães de raças pequenas e de médio porte (com peso menor que 22,7 kg) — a partir dos 7 anos.
Afinal, quais são as doenças mais comuns em cães idosos?
Muito bem, vamos falar sobre as doenças em cães idosos que se manifestam com mais frequência?
Artrose, artrite, osteoartrite e osteoartrose (OA)
Todos esses nomes estão associados a problemas nas articulações, porém são condições bem diferentes. O termo artrite é mais abrangente e está relacionado a inflamação de uma ou várias articulações. Nos cães, assim como nos humanos, existem diversos tipos de artrite, como a reumatoide (causada por um processo imunológico), a séptica (por um microrganismo), a gotosa (por acúmulo de cristais de urato) e a osteoartrose (OA). Essa última é uma degeneração crônica da articulação, que evolui de forma lenta e progressiva.
As causas da OA podem ser:
- obesidade (sobrecarga nas articulações);
- idade (piora na velhice);
- piso liso e escorregadio;
- cirurgias articulares;
- fatores hereditários, metabólicos ou endócrinos.
A inflamação nas articulações gera um inchaço no local e um aumento na temperatura nas áreas afetadas, deixando essas regiões mais sensíveis. Essa condição gera perda da elasticidade das articulações, dificultando a mobilidade do cachorro, principalmente por conta da dor.
A displasia coxofemoral, a luxação de patela e outras afecções ortopédicas e/ou neurológicas podem provocar alterações biomecânicas que, em longo prazo, favorecem o surgimento da OA.
Por mais que artrites e artroses, na maioria das vezes, sinalizem o envelhecimento dos cachorros, é superimportante que você leve o seu parceiro ao veterinário, pois há tratamentos que reduzem consideravelmente a dor dos peludos, melhorando a sua qualidade de vida. Além disso, sem acompanhamento profissional, pode ocorrer a atrofia da musculatura, uma deformidade local e, também, a perda da função do membro.
Entre os tratamentos mais eficazes, estão a magnetoterapia, que é um método anti-inflamatório e analgésico, e a hidroterapia, que promove a recuperação sem causar impactos maiores nas articulações. Os peludos ainda podem se beneficiar muito da cinesioterapia, principalmente na prevenção das complicações do quadro.
Câncer
O desenvolvimento de tumores também é mais comum em cães idosos. A doença tem causas variadas, desde genéticas a fatores externos, como doenças virais e exposição excessiva ao sol. Porém, o simples envelhecimento com a perda gradual das funções corporais pode estimular o crescimento desordenado de células no organismo.
Se os tumores são diagnosticados precocemente, a chance de o cão se recuperar é muito mais alta. Os tratamentos podem envolver cirurgias, quimio e/ou radioterapia, além de terapias complementares que aliviem desconfortos e possíveis dores no animal.
Preste atenção ao comportamento do seu parceiro, como perda de apetite, dificuldades para evacuar, urinar ou se alimentar e exaustão nos momentos de atividade física. Também observe se há feridas que demoram a cicatrizar, inchaços ou caroços anormais, odor estranho ou sangramentos.
Catarata
A catarata é uma das principais causas de cegueira nos animais. A condição se caracteriza pelo acúmulo de células no cristalino do olho, tornando-os opacos. Os olhos adquirem um tom azulado e o pet vai tendo a visão deteriorada.
Com um diagnóstico precoce, é possível fazer uma cirurgia para corrigir o problema; normalmente elas são muito bem-sucedidas. Quando essa não é uma alternativa para o cão, o resultado é a perda parcial ou total da visão. Aí, cabe a você ter bastante amor e paciência para guiá-lo a alguns lugares e fazer pequenas alterações na casa que facilitem a locomoção do peludo.
É bem importante destacar que os cães com diabetes têm mais chances de desenvolver catarata, já que a condição está ligada ao excesso de glicose na corrente sanguínea. Por sua vez, os níveis elevados de glicose são mais comuns em cães obesos, por isso, é fundamental manter o peso ideal do seu parceiro.
Obesidade
A obesidade em animais é bem mais difícil de ser controlada quando eles já são idosos. Isso porque os pets perdem vitalidade e reduzem as suas atividades físicas, o que faz com que acumulem calorias e ganhem peso. Além disso, as alterações no metabolismo também favorecem o aumento de gordura corporal.
Por isso, é essencial que você troque a ração do seu cão para uma adequada a essa fase da vida — os alimentos para seniores têm menos calorias e os nutrientes necessários para reforçar o organismo do seu velhinho. Os exercícios físicos também são cruciais para manter a forma, mesmo na velhice, mas sempre respeite os limites do peludo, ok?
Se o seu cachorro está aumentando de peso ainda que você tenha trocado a dieta dele, é importante verificar se não há outra condição por trás disso, como o hipotireoidismo. Essa alteração hormonal causa ganho de peso, fraqueza e ansiedade, além de comprometer a pelagem e a pele dos animais.
Doenças dentais
Outro processo bastante comum ao envelhecimento dos animais é o desgaste gradual dos dentes. Há um acúmulo de tártaro e as chances de desenvolver doenças periodontais são grandes.
Observe se o seu parceiro anda com um forte mau hálito, se ele perdeu o apetite e emagreceu. É preciso levá-lo ao veterinário o quanto antes para tratar qualquer distúrbio na dentição do animal. Existem veterinários especialistas em odontologia veterinária.
Lembre-se de que as rações para seniores costumam ser mais macias, mas também pode ser uma boa oferecer alimentos mais úmidos para o pet com dentes a menos.
Insuficiência renal
Os rins podem ser afetados em qualquer idade, mas a insuficiência renal é mais comum em cães idosos, justamente porque há a tendência de falha dos sistemas com o avanço da idade. Aqui, os rins passam a ter dificuldades de filtrar o sangue e produzir urina.
Dessa forma, os rins ficam enrugados e fibrosos, além de diminuírem de tamanho. Observe se o seu cachorro tem sentido mais sede que o habitual, feito xixi em grandes quantidades, perdido peso e apetite, sentido fraqueza ou vomitado.
Uma troca na dieta vai ser imprescindível para aliviar o trabalho do órgão. O veterinário poderá prescrever alguns medicamentos, assim como uma alimentação apropriada, com menos sódio, fósforo e proteínas.
Como cuidar do cachorro idoso?
Como você percebeu até aqui, cuidar de um cachorro idoso pode ser um desafio e tanto, já que o peludo demanda atenção, além de apresentar disfunções fisiológicas e mudanças comportamentais. Alguns cuidados, como levantar o comedouro e instalar luzes noturnas, rampas e tapetes antiderrapantes pela casa, podem melhorar muito a rotina do seu parceiro.
Também há evidências concretas de que uma boa nutrição e pequenas alterações no estilo de vida do peludo influenciam a expectativa de vida dos cachorros, bem como determinam como será a velhice.
Lembre-se de que um cão idoso tem limitações, e é preciso respeitá-las. Tenha isso em mente quando for passear ou dar um banho nele. As caminhadas serão mais lentas, a água deve ser mais quentinha e você deve manipular o seu parceiro com delicadeza, para não piorar traumas e problemas na coluna ou nas articulações.
É importante que a família não deixe essa nova fase interferir no vínculo que existe entre vocês. Por isso, sempre procure a orientação do seu veterinário de confiança. Com uma avaliação completa do estado de saúde do pet e uma boa conversa com o profissional, você vai perceber que pode usufruir da companhia do seu parceiro por muitos anos, ainda que precise de uma dose de dedicação.
E, como você também viu, há várias formas de prevenir e tratar as doenças típicas da idade. A fisioterapia para cachorros é uma forte aliada de tutores e peludos, principalmente quando o caso estiver afetando os movimentos do pet. Diversos tratamentos revertem quadros clínicos, enquanto outros promovem o bem-estar do seu parceiro.
Aqui na Ative, sabemos direitinho de todas essas particularidades da velhice dos animais e temos um centro de reabilitação completo para tratar diversas doenças em cães idosos. Além de receber um tratamento de excelência, o seu peludo vai sentir todo o carinho e o respeito de toda a nossa equipe.
Quer saber como podemos ajudar o seu velho parceiro? Então, entre em contato conosco para que possamos esclarecer todas as suas dúvidas!